terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Para onde caminha a humanidade?



Vivemos em um século que a cada dia nos surpreende com as conquistas científicas feitas pelo ser humano. A todo tempo somos bombardeados com informações sobre as descobertas tecnológicas no campo da astronomia, medicina, física, biologia, robótica, que têm possibilitado não somente a rapidez das formas de comunicação, a realização de diagnósticos e de cirurgias com técnicas cada vez mais sofisticadas, a exploração do solo e da natureza com o uso de máquinas potentes e modernas, como também o desvendamento de alguns mistérios do universo, antes inimagináveis, com o envio de sondas e de robôs a lugares distantes milhões de quilômetros do planeta Terra.
De fato, a lista das realizações da sociedade moderna é mesmo admirável. E, no entanto, apesar de todas estas descobertas magníficas, a humanidade tem vivenciado problemas extremos que têm se agravado e que colocam em dúvida a sua própria sobrevivência. Em outras palavras, ao mesmo tempo em que os noticiários divulgam os progressos obtidos pelas pesquisas científicas, falam também, ainda que superficialmente, sobre o aumento generalizado da violência, conflitos em diversas regiões do globo, o crescimento da fome e da pobreza, epidemias novas e antigas, as catástrofes naturais etc. Vivemos em um mundo de grandes contrastes: de um lado, invenções e técnicas que permitem o aumento do conhecimento e a geração de riquezas, do outro, a concentração da renda e o agravamento dos problemas sociais. É preciso refletir sobre a situação do mundo capitalista e da humanidade no século XXI. É fundamental compreender as raízes de tantos males sociais e diferenças econômicas entre os povos e a existência das classes, pois, somente assim, poderemos construir formas alternativas de organização política e social.    
O mundo hoje vive em guerras. Em alguns casos guerras abertas envolvendo países cujas classes dominantes buscam valer seus interesses econômicos por meio da conquista e/ou defesa de áreas estratégicas para a ampliação dos lucros capitalistas: Afeganistão, Iraque, Palestina, Síria, Ucrânia etc. Por trás destes conflitos encontram-se grandes potências imperialistas atuais, a exemplo dos Estados Unidos e da Rússia. Para garantir a realização dos seus objetivos, a burguesia e seus respectivos governos não titubeiam em aprovar rios de dinheiro que se destinam à crescente militarização, aos massacres e extermínio de grande parte da população e à expulsão de milhares de pessoas em busca de refúgio para a sobrevivência. Segundo alguns dados, o mundo hoje presencia o maior contingente de refugiados na história em fuga dos seus países de origem por conta dos flagelos provocados pelas guerras, intolerâncias religiosas e étnicas, perseguições políticas.
Outro tipo de conflito é mais velado, mas nem por isso menos violento. Em algumas regiões a morte leva aos milhares e por diversos meios: fome, doenças, assassinatos, tortura etc. O número de famintos tem aumentado de maneira vertiginosa, embora a produção de alimentos no mundo seja suficiente para acabar com a fome. Mais de um bilhão de pessoas não tem o que comer e a cada três segundo uma pessoa morre por falta de comida. A violência tem assumido feições extremas e dizimado a vida de pessoas em todos os recantos do planeta. Mesmo que se considere que as práticas da violência são tão antigas quanto a própria humanidade, historicamente ela assume feições distintas de acordo as circunstâncias de cada período e, nos dias atuais, o que temos presenciado é a total banalização e naturalização da violência. Homens e mulheres tornaram-se meros objetos que a qualquer momento podem ser descartados. Mas todos estes problemas apenas revelam as contradições insolúveis existentes no capitalismo. Isto, Karl Marx, um pensador alemão que viveu no século XIX, já apontava quando apenas este sistema econômico estava dando os seus primeiros passos.
E estas contradições se aprofundam ainda mais em momentos de crise. Nas últimas décadas, a situação internacional da economia capitalista tem apresentado baixos índices de desempenho econômico. No caso dos EUA, o carro chefe da economia mundial, as previsões mais otimistas indicam um crescimento de apenas 3% para este ano. Mesmo a economia mais aquecida da atualidade, a chinesa, encontra-se em franco processo de desaceleração, apesar do alto grau de exploração da força de trabalho da classe operária.
O Brasil não ficou alheio à crise mundial. E não poderia ser diferente tendo em vista as complexas redes de integração econômica do mercado mundial. Nos quatro últimos anos do governo do PT, o crescimento da economia foi o menor de todo o período da república. Para este ano (2014), o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deverá ser zero ou bem próximo disso. Além do mais, os trabalhadores já enfrentam uma piora em suas condições de vida com a retomada da inflação e que ainda devem piorar com as medidas necessárias para a contenção da crise: arrocho salarial, aumento do desemprego, cortes nas benfeitorias sociais (educação, saúde, seguridade social etc). Apesar da propaganda do governo ressaltar que contribuiu para o ingresso de parte da população na dita “classe média”, o país continua com poucos ricos e muitos pobres. Dados do Banco Mundial mostram que o Brasil mantém uma das distribuições de renda mais desiguais do mundo. Assim, o “progresso econômico” que se propaga para os trabalhadores e o povo em geral não passa de um cala boca para esconder a real situação do país.
O discurso da burguesia em uma sociedade capitalista é que a alternância do poder político permite que as condições de vida do povo possam ser melhoradas. Querem fazer crer, e nisto são bem eficientes, que vivemos em uma sociedade democrática com possibilidades idênticas para todos os cidadãos de bem e que se esforçam cotidianamente para conquistar seu lugar ao sol. É o poder da ideologia burguesa absolutamente necessário para assegurar a passividade e a ordem da população carente em meio a uma sociedade perversamente desigual.
É este o momento pelo qual passa o Brasil. Enquanto a atenção de todos estava voltada para a escolha dos mandatários maiores do país, tentou-se jogar para debaixo do tapete a sujeira e a podridão do sistema que, após o espetáculo das eleições, vem à tona com as eternas denúncias de corrupção envolvendo os próprios pares. O momento pós-eleitoral impõe aos principais projetos de dominação a tarefa de realização de um acordo geral, tendo em vista o estabelecimento de novos pactos políticos. Os partidos em disputa tentam vender a ideia de que se tratam de projetos distintos de melhoria das condições de vida das pessoas mas, no fundo, a diferença é quem vai gerir melhor os interesses da classe burguesa.
A despeito das especificidades dos problemas sociais de cada país, de maneira geral, o que se tem visto é que, cada vez mais, a precarização da vida dos trabalhadores e das populações pobres de todo o mundo tem se agravado a cada dia. Em função disso, as mobilizações populares ocorridas nos últimos anos em vários países, inclusive no Brasil, têm demonstrado que somente o caminho da luta incessante e das organizações verdadeiramente comprometidas com as causas do proletariado podem fazer frente aos ataques impiedosos da burguesia. Não à toa, o Estado, criado historicamente para a defesa dos interesses e privilégios das classes dominantes, tem colocado em movimento forças cada vez mais militarizadas num cenário onde se prolifera a insegurança, as crises, a instabilidade política, econômica e social.
O mundo encontra-se numa encruzilhada e para os trabalhadores não restam muitas alternativas. Faz-se necessário assumir o papel de protagonista tendo em vista as mudanças reais que precisam ser realizadas, caso contrário, o cenário de barbárie social da violência, das carnificinas, da fome e das guerras tende a se ampliar. Isso tudo desenvolvido pela burguesia e pelo capital e que se reproduz por diversos meios e pelas ações de seus vários aliados: a repressão policial militar, o narcotráfico; a burocracia do Estado, os sindicatos e partidos da ordem como um todo. A tarefa que os trabalhadores tem pela frente não é pequena, mas o sistema capitalista não é indestrutível, as suas contradições e fragilidades impulsionaram e devem impulsionar lutas ampliadas pelo direito à vida e pela sobrevivência da humanidade!!